Motociclista que furou pedágio queria vender moto para ter apartamento

Psicóloga morre em acidente em praça de pedágio (Foto: Reprodução/ EPTV)Psicóloga morre em acidente em praça de pedágio
no Paraná 
O motociclista que tentou furar um pedágio em Jacarezinho, no norte do Paraná, queria vender o veículo para comprar um apartamento, mas foi impedido pela mulher, segundo a família. Eduardo Braga, de 33 anos, viajava com a mulher, Gisele Particelli Alves Braga, de 35, para um encontro de motos em Ourinhos (SP) quando passou pela lateral da praça porque acreditava que naquele estado motos não pagavam. Com o impacto do acidente, Gisele ficou enroscada em uma corrente que bloqueava a passagem e morreu no local. O enterro da vítima ocorreu nesta segunda-feira (15), em Paulínia (SP). Braga ficou gravemente ferido e está internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Santa Casa de Jacarezinho.
De acordo com o cunhado de Gisele, Valdemir Benedito Tonon Rodrigues, de 51 anos, até agora a família não sabe detalhes sobre o que aconteceu. Na tentativa de entender o acidente, ele conta que chegou a ir até a praça de pedágio. "Não há sinalização sobre pagamento de motociclistas. Estamos aguardando o boletim de ocorrência pra tomar as medidas cabíveis. A concessionária não prestou nenhum tipo de assistência", criticou.
Ainda segundo Rodrigues, Eduardo e Gisele estavam casados há três anos e moravam com a mãe da vítima no Parque Industrial, em Campinas (SP). "A paixão do casal era motocicleta. Ele tem somente uma moto, mas queria vender para dar uma entrada num apartamento e ela não deixava. Lamentável", lembrou o aposentado.
Preocupação com segurança
A mãe de Braga, a dona de casa Maria Lúcia Capeletto, considera que o acidente foi uma fatalidade porque o casal era preocupado com a segurança durante os passeios. "Eles se preocupavam. Não se desgrudavam e gostavam de curtir a vida", destaca. Além disso, ela espera que o filho seja transferido para Campinas nos próximos dias. "Aqui temos mais recursos. Estamos aguardando apenas exames médicos", frisou emocionada.
Gisele Particelli Braga foi enterrada em Paulínia, nesta segunda-feira (Foto: G1 Campinas)Gisele Particelli Braga foi enterrada em Paulínia,
nesta segunda-feira (Foto: G1 Campinas)
Segundo Rodrigues, antes de começar a frequentar os encontros, o casal investiu em roupas e capacetes. "Eles gastaram R$ 4 mil em equipamentos de segurança. Participavam de encontros em Campos do Jordão, Serra Negra e Poços de Caldas. Em Ourinhos era a primeira vez", afirmou.
Sem pagamento
O motociclista disse à Polícia Rodoviária Federal (PRF) que passou pela lateral da praça porque acreditava que no Paraná motos não pagavam pedágio, assim como em algumas rodovias de São Paulo. “Na hora do acidente o motociclista disse que passou por esse bloqueio, pois acreditava que motos não pagavam pedágio no Paraná. Ele [Braga] acreditava que essa cabine era destinada para este fim”, explicou o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Sérgio Oliveira. A cabine por onde ele passou é utilizada exclusivamente por carretas com cargas superdimensionadas, como por exemplo, transformadores e peças de usinas. A sinalização é feita através de cones e uma corrente.

A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) informou que motos não pagam pedágio apenas na rodovias estaduais que participaram da primeira etapa do programa de concessão de rodovias.  Já nas rodovias federais que cortam o estado de São Paulo e nos trechos estaduais que participaram da segunda etapa de concessões a cobrança é realizada. A ABCR não informou a quantidade de rodovias que fazem parte desse plano.
A concessionária Econorte, responsável pela praça de pedágio, está investigando as causas do acidente e reforçou que o local por onde o motociclista passou é sinalizado e possui diversos objetos que bloqueiam a via, impossibilitando a passagem de qualquer veículo. Não há câmeras de segurança voltadas para a cabine, por isso o acidente não foi registrado.